Nossa
Senhora do Desterro
16 de
fevereiro
Este título de Nossa Senhora tem fundamento bíblico. Afirma
o evangelista Mateus que, após a partida dos Reis Magos, um anjo do Senhor
apareceu em sonhos a São José e disse: "Levanta, toma o menino, a
sua Mãe e foge para o Egito; permanece lá até que eu te avise, porque
Herodes procura o menino para o matar. Levantando-se de noite, ele tomou
o menino e a mãe, e partiu para o Egito”. (Mt 2,13-14).
Não foi uma viagem fácil. Belém é distante do Nilo cerca de
duzentos e cinqüenta quilômetros. Uma tradição fixa em Macarié, nas
proximidades de Heliópolis, o local da permanência da Sagrada Família.
Antigamente calculava-se em sete anos a duração deste exílio. Após a morte de
Herodes, São José, avisado pelo anjo, voltou à terra de Israel. Entretanto,
receoso das trapaças de Arquelau, filho de Herodes, fixou-se em Nazaré, na
Galiléia.
Muitas lendas se relacionam ao desterro da Virgem
Santíssima no Egito, como a da tamareira, junto à qual Maria se sentara para
repousar, que se inclinou para que as tâmaras ficassem ao alcance de suas mãos.
Outra estória conta que a Sagrada Família foi atacada por salteadores, mas eles
não lhe fizeram mal nenhum, em atenção ao pedido de um de seus companheiros,
que seria mais tarde o Bom Ladrão, morto na cruz ao lado de Cristo e hoje
venerado com o nome de São Dimas.
No folclore brasileiro encontramos também várias lendas
sobre a viagem da Sagrada Família, o que demonstra o carinho do povo simples
para com a Mãe Santíssima. Talvez elas tenham sido inspiradas pelos jesuítas,
os quais por meio de estórias conseguiram gravar melhor na inteligência dos
indígenas os mistérios da vida de Cristo.
Em nosso país a devoção a Senhora do Desterro foi intensa
durante o período colonial, talvez porque os portugueses, deixando a pátria,
provisória ou definitivamente, para servirem na colônia de além-mar,
encontrassem consolo na devoção a Virgem Exilada. Entre os templos mais antigos
do Brasil temos o de Nossa Senhora do Desterro da Bahia, junto ao qual foi erguido
um convento para senhoras que desejavam se afastar do mundo e dedicar-se a vida
religiosa, célebre atualmente pelas suas riquíssimas alfaias; e a ermida do Rio
de Janeiro, construída nos primeiros tempos da fundação da cidade. Conta-se que
o historiador Padre Simão de Vasconcelos deveu a Virgem Desterrada a sua
milagrosa cura. Foi aí também, junto à pequena capela carioca, na subida do
morro do Desterro, que um grupo de bravos estudantes enfrentou os soldados
franceses comandados por Duclerc, conseguindo derrotar os invasores. Mais
tarde, no local da ermida, foi edificado o convento de Santa Teresa, das monjas
carmelitas, porém sua igreja conservou a antiga devoção.
A cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina,
chamou-se durante mais de dois séculos Vila do Desterro, pois nasceu em torno
da capela construída em 1673 por Francisco Bias Velho, que morreu alguns anos
depois na própria igreja que fundara, defendendo seu povo contra um ataque de
piratas. Somente após a Revolta da Armada, em 1894, a cidade recebeu seu
atual nome em homenagem ao Marechal Floriano Peixoto. Na moderna matriz
catarinense, que substituiu a velha capela da Virgem, encontra-se maravilhosa
escultura em madeira de tília, em tamanho natural, de autoria dos escultores
Dernetz, representando a Sagrada Família em fuga para o Egito.
Nossa Senhora do Desterro é muito venerada na Itália como a
"Madonna degli Emigrati”, sendo padroeira daqueles que foram obrigados a
deixar sua pátria para se refugiarem ou a fim de procurar trabalho no
estrangeiro. Ela tem sido a Mãe Amorosa para todos os que, saudosos de sua
terra natal, imploram cheios de fé e de amor o auxílio da Virgem do Desterro a
fim de encontrarem compreensão e simpatia na terra adotiva.
Oração
à Nossa Senhora do Desterro
Ó Bem-aventurada Virgem Maria, mãe de Nosso
Senhor Jesus Cristo Salvador do Mundo, Rainha do Céu e da Terra, advogada dos
pecadores, auxiliadora dos cristãos, protetora dos pobres, consoladora dos
tristes, amparo dos órfãos e viúvas, alívio das almas penantes, socorro dos
aflitos, desterradora das indigências, das calamidades, dos inimigos corporais
e espirituais, da morte cruel dos tormentos eternos, de todo animal
peçonhentos, dos maus pensamentos, dos sonhos pavorosos, das cenas terríveis e
visões espantosas, do rigor do dia do juízo, das pragas, dos incêndios,
desastres, bruxarias e maldições, dos malfeitores, ladrões, assaltantes e
assassinos. Minha amada mãe, eu prostrado agora aos vossos pés, com
piedosíssimas lágrimas, cheio de arrependimento das minhas pesadas culpas, por
vosso intermédio imploro perdão a Deus infinitamente bom.
Rogai ao vosso Divino Filho Jesus, por nossas
famílias, para que ele desterre de nossas vidas todos estes males, nos dê
perdão de nossos pecados e nos enriqueça com sua divina graça e misericórdia.
Cobri-nos com o vosso manto maternal, ó divina estrela dos montes.
Desterrai de nós todos os males e maldições.
Afugentai de nós a peste e os desassossegos. Possamos, por vosso intermédio,
obter de Deus a cura de todas as doenças, encontrar as portas do Céu abertas e
convosco ser felizes por toda a eternidade.
Amém
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